A importância da restinga na proteção costeira: o alerta vindo de Barra Velha (SC)
Nas últimas semanas, Barra Velha, no litoral norte de Santa Catarina, voltou aos noticiários por um motivo preocupante: o avanço do mar sobre a cidade. Trechos da orla foram danificados, ruas ficaram alagadas e a faixa de areia praticamente desapareceu em alguns pontos. A prefeitura decretou situação de emergência, e o caso acendeu um alerta sobre a fragilidade das cidades costeiras diante da erosão costeira e das mudanças climáticas.
Mas há um ponto importante nessa discussão que muitas vezes passa despercebido: o papel da restinga como barreira natural de proteção do litoral.
O que é a restinga e onde ela ocorre
A restinga é uma formação vegetal típica do litoral brasileiro, que se desenvolve sobre dunas e solos arenosos, onde a salinidade é alta e os ventos são constantes. Adaptada a condições extremas, sua vegetação é composta por gramíneas, arbustos e árvores de pequeno porte, como a clúsia, a aroeira e o murici.
Essas plantas possuem raízes profundas e resistentes, que ajudam a fixar a areia e estabilizar o solo, impedindo que ele seja levado pelo vento ou pelas marés. As restingas estão presentes praticamente em toda a costa brasileira, do Rio Grande do Sul ao Amapá, e formam uma zona de transição entre o mar e o continente, um ecossistema vital, embora muitas vezes negligenciado.
Função ecológica e proteção urbana
Além de abrigar uma biodiversidade única, as restingas cumprem um papel essencial na proteção costeira, pois funcionam como uma barreira natural contra o avanço do mar, absorvendo a energia das ondas e reduzindo os efeitos das ressacas e marés altas. Essa função ecológica protege tanto o meio ambiente quanto as áreas urbanas próximas à orla.
Quando a restinga é removida para dar lugar a loteamentos, calçadões ou obras de contenção rígida, a linha de defesa natural desaparece, e a cidade fica vulnerável à erosão e aos impactos diretos do oceano.
Em outras palavras, onde há restinga preservada, há equilíbrio entre o mar e a terra. Onde ela foi suprimida, o risco de destruição aumenta.
O caso de Barra Velha: o preço da erosão costeira
O que acontece em Barra Velha é um exemplo claro desse desequilíbrio. A retirada da vegetação nativa e a urbanização desordenada da orla contribuíram para a perda da proteção natural. Com o solo exposto e sem a presença da restinga, o mar passou a avançar com mais força.
A erosão costeira destruiu trechos de calçadão, comprometeu vias públicas e levou areia da praia para dentro da cidade. O fenômeno, embora natural em parte, foi amplificado pela ação humana — e hoje exige medidas técnicas e ambientais urgentes para conter o avanço das águas.
Como a Ecolibra atua na prevenção e recuperação costeira
Na Ecolibra, entendemos que a proteção do litoral depende de planejamento, monitoramento e ações integradas entre o meio ambiente e o desenvolvimento urbano.
Nosso trabalho envolve uma série de medidas que contribuem diretamente para a prevenção da erosão costeira e a recuperação de ecossistemas como a restinga:
- Estudos ambientais e planejamento urbano costeiro: análises que orientam o crescimento das cidades de forma sustentável, respeitando os limites ecológicos e as faixas de proteção.
- Projetos de licenciamento ambiental e mitigação de impacto: acompanhamento técnico completo para empreendimentos em áreas litorâneas, com foco na preservação da vegetação nativa e recomposição de áreas degradadas.
- Projetos de drenagem e saneamento ambiental: soluções que reduzem o assoreamento e controlam o fluxo de águas pluviais, fatores diretamente ligados ao avanço do mar e à perda de sedimentos nas praias.
- Recuperação e monitoramento de ecossistemas costeiros: ações que integram engenharia e meio ambiente para restaurar a vegetação nativa e restabelecer o equilíbrio natural da faixa litorânea.
Essas iniciativas fazem parte da nossa visão de que infraestrutura verde e planejamento ambiental são tão importantes quanto as obras de contenção convencionais. O litoral precisa ser tratado como um sistema vivo, e a restinga é um dos seus pilares.
Desenvolvimento costeiro sustentável: o caminho possível
A situação de Barra Velha reforça uma verdade incontestável: preservar a restinga é preservar o próprio futuro das cidades litorâneas. Um desenvolvimento costeiro sustentável precisa integrar ciência, engenharia e consciência ambiental.
Proteger a vegetação nativa do litoral, planejar a ocupação urbana e adotar soluções baseadas na natureza são passos essenciais para garantir segurança, beleza e equilíbrio aos ecossistemas costeiros.
Cada metro de restinga preservada é uma defesa natural contra a erosão, um abrigo para a biodiversidade e um compromisso com as próximas gerações.